quinta-feira, 15 de maio de 2014

Louvor e Música. Érick Freire

0 comentários
Antes de falar sobre a relação entre louvor e a música precisamos entender um pouco de filosofia. “O homem é a medida de todas as coisas”.  Afirmou Protágoras, esta ideia ganhou mais força após o advento do racionalismo e por conseguinte alimentou o chamado antropocentrismo, quando descarta Deus do centro das coisas e agora posiciona o homem como o principal agente da história. Não só agente como também construtor da própria ideia de verdade, sendo então relativa, este era um argumento sofista que inclusive era contrário ao pensamento de Sócrates sobre a busca do conceito absoluto de cada objeto em questão.
Esta mudança filosófica que visa contrariar a igreja e os seus ideais medievais vem fomentar um sentimento de egoísmo e etnocentrismo humanos, dando um poder além do que o homem realmente tem. Agora, Deus não faz mais parte do intelecto de alguém realmente racional.
Após o fortalecimento deste pensamento nascem várias ramificações de interpretação filosófica acerca do antropocentrismo. Na igreja cristã, esta filosofia, coloca o homem como centro das atenções de Deus. Alguém que Deus deve servir. É neste contexto que precisamos fazer um paralelo entre a diferença do louvor e música na Bíblia com a musicalidade gospel nos dias atuais. Até que ponto a música gospel é louvor? Como pode se tornar antropocêntrica? Como identificar os erros filosóficos e bíblicos tão comuns nas músicas hodiernas?
Para identificarmos se uma música dita cristã é realmente bíblica precisamos usar alguns parâmetros, o primeiro crivo está em Filipenses 4:8 “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.
Logo, também, Champlin nos dá uma lista de 16 parâmetros com seguintes razões em relação a música como louvor essencialmente bíblica:
1)      Magnifica a Deus (Sl 96)
2)      Glorifica a Deus (Sl 138)
3)      Exalta a excelência de Deus (Sl 148:13)
4)      Engrandece a Deus (Sl 145)
5)      Louva a bondade de Deus (Sl 107:8)
6)      Louva a sua misericórdia (Sl 89:01)
7)      Louva por sua longanimidade e veracidade (Sl 138:02)
8)      Louva a sua salvação (Sl 18:46)
9)      Louva as suas maravilhosas obras (Sl 89:05)
10)  Louva as suas consolações (Sl 42:05)
11)  Louva por sua justiça (Sl 101:01)
12)  Louva por seus conselhos eternos (Sl 16:07)
13)  Pelo seu perdão (Sl 103:1-3)
14)  Por sua proteção (Sl 71:06)
15)  Por seu livramento (Sl 40: 1-3)
16)  Por sua resposta (Sl 28:06)

O problema da música cristã nos dias atuais não é tão novo, começou acerca de mais de duas décadas atrás. Na Bíblia a música era pura e simplesmente utilizada para louvar ao Senhor na congregação, ou seja, nas reuniões que a igreja fazia independente de local (1 Co 14:26). Não havia artistas em turnês de músicas sacras. E este é o problema atual, a música cristã virou mercado, virou meio de vida, por isso a busca pela qualidade não é, em sua maioria, para louvar melhor a Deus, mas para conseguir maior público, aumentar vendas de CD’s e contratos de shows. O mercado evangélico tem crescido assustadoramente, muitos tem se convertido a uma nova religião, mas o seu ideal não está atrelado a busca por Deus, mas as benesses que este deus pode dar, por isso a cultura musical também mudou de rota e de ideal.
Neste bojo então se encontra o erro. A música mudou de figura, travestida de “hino” passou a cantar os desejos humanos, as verdades humanas e a busca pela felicidade humana. Jargões tornaram-se marca registrada nas gravadoras gospel Brasil a fora. Você já ouviu? “Você é vencedor!”, “Você nasceu para ser vitorioso!”, “A vida do crente é só vitória!”, “Você pode o que quiser!”, “Sonhe, não pare de sonhar!”, “Venha buscar seu milagre!”, “Eu quero o meu milagre agora!”, “Resolve o meu problema” e etc. Se você notou estes e outros jargões antropocêntricos fazem parte da maioria das músicas denominadas como cristãs que tocam nas rádios (evangélicas ou não) atualmente. É triste, mas a realidade da música gospel brasileira é uma tragédia bíblica. O vírus do self  e sua exaltação se espalhou em nosso meio de forma dantesca e doentia. A saturação do eu é o maior problema que se impregnou nas letras de autoria cristã evangélica.

Por isso deixo algumas indagações para você refletir acerca da música que você ouve, ama e compartilha. A música gospel que você canta segue estes parâmetros? O centro do louvor é o Senhor? Se não, esta música está fadada ao fracasso espiritual.


Érick Freire
escritor e articulista

Leave a Reply

Este é seu espaço.
Dê sua opinião, crítica, elogio e sugestão.

 
O Revistão © 2011 DheTemplate.com & Main Blogger. Supported by Makeityourring Diamond Engagement Rings

You can add link or short description here