sábado, 10 de maio de 2014

INVASÃO. Érick Freire

1 comentários
Lembro-me de minha infância, quanta felicidade tínhamos no trivial!
Corríamos na rua, jogávamos bola, comíamos um prato de sopa com satisfação e brincávamos sem ter medo algum.
Na boca da noite brincávamos de bandeirinha, brincadeira feita entre duas equipes, nas ruas de Natal tínhamos postes a cada cinquenta metros, dividíamos o espaço da brincadeira entre três postes. O poste do centro era a divisão virtual dos campos, de um lado uma equipe do outro a outra. Como sempre eu era o último a ser escolhido no famoso zerinho ou um. Às vezes atravessávamos a barreira das 22 horas sem nenhum temor. Nossos pais estavam dentro de casa a vontade. Sabiam que nada aconteceria com seus filhos. Hoje deixar uma criança de oito, dez anos na rua após às 20 horas é caso até de polícia ou conselho tutelar, o tal "abandono". Vivíamos sem medo, corríamos sem limites, brincávamos sem pensar na hora ou no amanhã.
Ladrão? Estuprador? Assaltante? Pedófilo? O último nem se conhecia, os outros apareciam em casos pontuais e raramente tínhamos algum caso de violência. Hoje a história é outra. Saímos na rua já abaixados. Meus filhos mal saem na calçada! O que houve?
Invasão invasiva de seres psicodélicos perturbados pelas cores do roubo, do crime e da invasão do direito do outro! Estes seres traumatizam uma sociedade que é doente e cada vez mais refém da insegurança que não é física, mas psíquica.
A invasão destes seres Aedes aegyptis do crime é como a dengue que se alastra mesmo havendo o combate e a campanha de prevenção contra eles.
Por que o crime se alastra? Há solução?
Caro leitor, a forma como o estado trata a segurança de seus contribuintes é amadora, tanto quanto as forças policiais o são.
O crime é organizado e mutante. O estado é desorganizado e alienado, ou seja, preso a um sistema arcaico e pouco inteligente de resolução de seus problemas de segurança. O estado e seu braço de força atacam pontos marginais e reprimem focos, mas não executam uma ação de prevenção mutacional, ou seja, para destruir todo o aparato criminoso deve se mexer em mais do que se mexe.
Quando um traficante tem seu núcleo ele tem vários "braços direitos". Se o traficante é caçado, preso e morto o problema não se resolve. Exemplo disto foram as catastróficas invasões de morros no Rio. O efeito foi como se você destruísse um formigueiro, mas liberasse as formigas, ou seja, o crime migrou e se espalhou pelo Brasil. Cidades nordestinas hoje amargam a consequência desta desastrosa decisão do governo. Forças criminosas se espalharam em quase todo o território nordestino e o uso e distribuição de droga tem crescido exponencialmente!
Se alguns chefes de tráfico foram mortos e/ou presos. Os seus pupilos estão soltos e trabalhando em prol do crime a partir do legado deixado por seus crimino-ídolos.
A única solução era modificar tudo, a começar pela cabeça limitadíssima do brasileiro que ama beirar a ignorância e é presa a politicagem. Depois investir em uma educação conjunta de qualidade. Conjunta? Como assim? Dos pais é a educação moral e a formação de uma cidadania consciente, mas a escola deve fazer parte deste crescimento e evolução cidadã.
Por isso digo... Saudades de tu ó tranquilidade infante. Saudades de tu ó sorriso radiante de criança feliz toda empoeirada e suada pelas brincadeiras diárias e incansáveis!
A invasão destes mosquitos não podem tirar a nossa segurança psíquica, a nostalgia é um bom remédio para superar isto!

Érick Freire
Pedagogo e escritor

One Response so far.

  1. Jobin says:

    A solução "única" é: amar ao próximo como a si mesmo; não fazer a outro o que não se quer para si; não julgar para não ser julgado - pois um cego não pode guiar outro; perdoar 70 vezes 7; não juntar tesouros - pois os ladrões minam e roubam ... E uma que é pra viver bem mesmo dentro de um vulcão prestes a virar em chamas . . . Não se preocupar com o dia de amanhã, pois cada dia traz consigo os seus males ( e benesses também).

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