sábado, 15 de março de 2014

Um mundo por trás da chuva. Manoel Neto

2 comentários
Chove chuva, chove sem parar, alaga as ruas, lá vem a nuvem pra maltratar, não sei porque enquanto chove eu me lembro daqueles que estão no telhado de papelão sem nada pra almejar. Não sei porque enquanto chove eu me lembro dos que estão dançando em boates e outros salvando-se em botes.
A Defesa Civil não serviu, não preveniu e quando sol se viu?
Enquanto chove me lembro dos que estão aos pés do Santo Rosário acendendo velas pra queimar uma droga que sua mente Idolatra.

Enquanto chove muitos cheiram pó do morro usando o cartão postal pra esconder a prostituição de uma praia tão badalada, onde não consegue segurar sua onda, derrubando o alicerce de muitas famílias. 
Enquanto chove, a polícia dorme e o avião corre pra deixar algo pra quem não dorme.
Enquanto chove muitos estão embaixo da Ponte, a fumaça sobe, mas ultrapassa os pingos enquanto só olhamos os Reis Magos, sem vê estrela alguma.
Portanto costumo dizer: existe outro mundo enquanto estamos embaixo dos lençóis, chovendo ou não, a mãe enxuga as lágrimas depois de vê um corpo deitado e crivado.
Enquanto chove, aproveito pra descrever lembranças que não queria, das heranças de uma Ribeira sem esperança de viver sem manchas.
Lembro-me das tranças das ruas onde as varandas estão em chamas de um sentimento de vingança. 
Enquanto chove, fico a me lembrar que nada me lembra ao olhar o mar.
Chovendo está, faço planos pra um dia que espero sem nuvens escuras está. 
Fico a lembrar dos altos e baixos que a vida dá; hora você no apartamento está, horas perto do Rio Potengi já vai adentrar. 
Enquanto chove as águas alagam um bairro que de Esperança não têm nada.
O Alecrim realmente vende planta, grande bairro do comércio de corpos que não encanta.
Mas enfim, chove na cidade onde um dia me foi tirado o brilho do sol, pois entrei por um mundo onde os pingos da chuva caiam em meu rosto, enquanto eu deslizava por todos estes lugares, conhecendo pessoas que estão lá, enquanto eu escrevo aqui.
A chuva molha uma madrugada que pra muitos parece não ter fim.
Grande ponte do Igapó, deixou de ser fotografada, pois as pessoas só observam de lugares altos pra ficarem sem perceber.
Enquanto chove me lembro que amanhã o sol irá aparecer com pessoas em nosso meio de um mundo que você não vê. 
Mas o dia pra eles continua a chover, pois o brilho do sol eles não conseguirão descrever. 
Portanto sobre eles eu sempre irei escrever. 


Manoel Neto
Teólogo e cronista

2 Responses so far.

  1. elysantos says:

    O título desta crônica me chamou atenção comecei a ler e vi a profundidade do seu conteúdo Parabéns meu Amigo irmão Manoel Netto me resta agora aguardar o livro para tê-lo em minha cabeceira para poder viajar nos seus escritos e pensamentos. (valeu cronista por excelência)

  2. Parabéns, Manoel! Muito bom texto e ótima reflexão! Que Deus continue iluminando a sua mente para escrever! Abraços!

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