quarta-feira, 2 de abril de 2014

Cinzas. Manoel Neto

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Eu tenho cinzas dentro de mim, sinto elas em minha saliva, gosto de um passado bem presente que personalizou o meu presente de hoje. Cinzas de uma lembrança do olhar pra cima e pedir chicletes na minha mercearia, mas as laranjas escorreram pela avenida. Cinzas dentro de um game over com vários continues. Cinzas de um passado cinzento onde as cicatrizes afloram a cada coleção de cor cinza. Como dói a cinzenta lembrança de uma fúnebre tarde de sete de setembro. Cinzas das lembranças cinzas de uma tarde dos bancos cinzas da praça em um batom cintilante. Cinzas das lembranças do navio que círculos fez na música Cisne Branco. Cinzas de uma vida de vagabundagem onde tudo tornou-se em cinzas. Cinza era o azul do balcão de imposto, mas a cinza lembrança de um cinzeiro dos papéis fumê, me causa remorso. Cinza são os dias em que a volta por cima fica por trás de um caminho em círculos. Cinza deve ter ficado o céu na morte de um homem o qual restaurou todas as minhas quartas-feiras de cinzas e tornou todos os meus dias com céu azul.

Manoel Neto
Teólogo e cronista

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