Era uma vez
uma vila, uma comunidade, um sítio. Sei lá. Sei que era algum lugar distante do
mundo, mas perto do céu. Entre as montanhas na fronteira de terra.
Que lugar
era esse?
Não sei onde
é... Porque sozinho não sei chegar lá, mas é algum lugar.
Sei que
cheguei à boca da noite.
Frio? É para
alguns, mas para mim era sensação de prazer porque o frio é gostoso você se
enrola e fica aquecido, mas gosta de ao mesmo tempo sentir a brisa gelada em
seu rosto. Os pêlos se arrepiam todos e aquela sensação de está protegido
acalenta o coração, seja com um casaco, sobretudo ou até roupão.
Lugar
cheiroso. Cheiro verde... De onde vem esse cheiro?
“Da
prantação” responde o moço.
Nela tem
cheiro verde, pimentão, tomate, cebola. Até berinjela tem no meio daquele areão.
Untado o
chão é com estrume, fica todo marrom. Saindo por entre a terra galhos verdes
verdumes de verdores verrumes porque quero ficar aqui, mas não posso. A
obrigação me afasta da “prantação” e das montanhas, do cheiro verde do chão
esverdeado do mato espalhado pelo chão esguichado!
Ah prantação! Que bom é te ver porque você
não reclama quando da terra é arrancada. Agora àqueles que ensino reclamam da
água, do ar, do cheiro e até do mar. Tu fica calada e enquanto sofre horrores
dos arrancos e do escavo da terra não geme e nem parece sofrer porque para ti o
sofrimento é para o bem daqueles que tem fome e daqueles que vão a feira livre
emparelhada e aparelhada dos teus frutos verdes, roxos, vermelhos, amarelos e
laranja. Várias cores e vários formatos que saem da terra da “prantação”.
Terra linda
e amorosa que calada fica como o Cristo que sofreu para alimentar a muitos e
assim morreu!
Érick Freire
Pedagogo e escritor