segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Prantação. Érick Freire

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Era uma vez uma vila, uma comunidade, um sítio. Sei lá. Sei que era algum lugar distante do mundo, mas perto do céu. Entre as montanhas na fronteira de terra.
Que lugar era esse?
Não sei onde é... Porque sozinho não sei chegar lá, mas é algum lugar.
Sei que cheguei à boca da noite.
Frio? É para alguns, mas para mim era sensação de prazer porque o frio é gostoso você se enrola e fica aquecido, mas gosta de ao mesmo tempo sentir a brisa gelada em seu rosto. Os pêlos se arrepiam todos e aquela sensação de está protegido acalenta o coração, seja com um casaco, sobretudo ou até roupão.
Lugar cheiroso. Cheiro verde... De onde vem esse cheiro?
“Da prantação” responde o moço.
Nela tem cheiro verde, pimentão, tomate, cebola. Até berinjela tem no meio daquele areão.
Untado o chão é com estrume, fica todo marrom. Saindo por entre a terra galhos verdes verdumes de verdores verrumes porque quero ficar aqui, mas não posso. A obrigação me afasta da “prantação” e das montanhas, do cheiro verde do chão esverdeado do mato espalhado pelo chão esguichado!
Ah prantação! Que bom é te ver porque você não reclama quando da terra é arrancada. Agora àqueles que ensino reclamam da água, do ar, do cheiro e até do mar. Tu fica calada e enquanto sofre horrores dos arrancos e do escavo da terra não geme e nem parece sofrer porque para ti o sofrimento é para o bem daqueles que tem fome e daqueles que vão a feira livre emparelhada e aparelhada dos teus frutos verdes, roxos, vermelhos, amarelos e laranja. Várias cores e vários formatos que saem da terra da “prantação”.

Terra linda e amorosa que calada fica como o Cristo que sofreu para alimentar a muitos e assim morreu!

Érick Freire
Pedagogo e escritor

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