Correndo
pela manhã
Matutando à
tarde.
Ô vidinha boa demais da conta...
Silêncio
incomum que a vida da cidade não tem
Pedacinho de
chão ardente durante o dia
Frio de
quebrar dentes à noite...
Ô vidinha boa demais da conta...
Correndo na
praça e no meio da rua
Cheirinho de
mato e pé no chão duro
Até escuto
um barulho que não é de gente
É o barulho
do vento, vento molhado pelo orvalho...
Cedinho
acordo
Ô vidinha boa demais da conta...
Cheiro de
vento, água Color
Água tem
cor? Tem cheiro o vento?
É. No interior
até o tempo tem metro,
Quanto mais
cor da água
Muito mais
cheiro de vento
Ô vidinha boa demais da conta...
Tranquilidade
é seu nome
Qualidade é
sua vida
À tardinha
tem a suavidade da brisa
Gente na
calçada jogando conversa fora
A vida
trivial é melhor que a vida do importante
Ela passa
igual, mas no final é feliz o viajante
Porque jogar
conversa fora não é perder tempo
É ganhar na
vida aquilo que não se tem quando o dinheiro cega até o que tá debaixo do nariz
Do rico
prepotente que se acha dono do mundo
Ô bichinho
besta que não conhece o trivial
Vagabundo é
o dia que corre sem esperar ninguém
Quando passa...
No amanhã outra vez tem
Ô vidinha boa demais da conta...
E na boca da
noite se reúne aquela gente
Gente boba
na boca do intelectual
Mas na
realidade são grandes filósofos da vida
Porque quando
tudo termina dizem que no interior é assim.
“Ô vidinha boa demais da conta que não sai
de dentro de mim”.
Érick Freire
Escritor e pedagogo
Este é uma homenagem a cidadezinha de Santana do Seridó (Serit)