Há uma preocupação que me consome e embarga a
percepção de muitas pessoas, até porque de uns dias para cá foi criada uma
falácia escabrosa acerca de um determinado tema que é doutrina básica para
inúmeras instituições religiosas e segmentos sociais tradicionais. Quando falo
tradicional não me refiro a arcaico, mas a fundamentalista, diferente do que
muitos pensam o fundamentalismo não é a ideia de rejeição ou discriminação do
outro em detrimento a doutrina e/ou a crença, mas a fundamentação racional de
uma determinada ideologia, não falo do fundamentalismo religioso extremista e
sim do fundamentalismo embasado na razão mínima seja ela convencional ou
cientificista.
Alguns por aí espalham que o casamento é uma
instituição criada pela igreja católica e muitos meios de comunicação de massa
compraram esta ideia e a puseram como verdade absoluta, mas um estudo primário
da história acabará com esta ideia descabida criada por grupos que insistem em
legalizar o casamento homoafetivo. Quero deixar bem claro que cada um escolhe a
vida que quer, mas distorcer e desfazer a ideia do casamento como foi criado é
no mínimo afrontar a origem do casamento como ele deve ser.
A instituição do casamento foi feita antes da
criação e formação de qualquer povo organizado socialmente. Digo isto porque
alguns dizem por aí que a relação de casamento nos dias gregos de glória era
união entre homens do mesmo sexo e as mulheres serviam simplesmente para
procriação. Discordo completamente, o próprio Sócrates tinha uma relação
conjugal de intimidade com sua esposa e em nenhum comentário histórico falasse
de uma relação homossexual deste com outro homem como também dos homens de sua época. Vemos relatos destes tipos de
práticas só entre os “poderosos” e mesmo assim muitos destes comentários são de
períodos posteriores ressoando mais como fofoca do que propriamente como
história.
A instituição do casamento se deu no Éden, e
este é o registro mais antigo sobre uma relação de união que é confirmada pelo
próprio Cristo em Marcos (10: 6-9): “Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’. ‘Por
esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois
se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne.
Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe".
Estranho não? Ora Jesus cita um texto que é tradicionalmente aceito como
escrito por Moisés, ou seja, pelo menos 18 séculos antes da vinda de Jesus na
terra, mesmo usando a data dada pela crítica literária que atribui a
compiladores do século X ou IX a.C. ainda assim a noção do casamento como
instituição entre homem e mulher é mais antiga do que se tem falado por aí, ou seja, a noção de
casamento entre um homem e uma mulher é bem mais antiga que o casamento católico romano. E o padrão citado
por Jesus é “Homem e mulher” ou “Adão e Eva”.
Vamos andar um pouco mais na história. Os relatos bíblicos por todos
historiadores e críticos, sejam eles ateus ou teístas, são considerados pelo
menos culturais e isso quer dizer que a ideia de casamento é expressa na
cultura judaica ulteriormente a cultura grega e/ou romana.
Casamento como instituição nunca será, historicamente falando, uma
criação de uma religião com cerca de dois mil anos ou menos. Se adentrarmos a
cultura judaica veremos inclusive um padrão de casamento bem mais complexo que
o casamento ocidental. Leia o artigo O
jugo desigual que trata do casamento de 3 mil anos atrás que era
praticado pelos judeus.
Outra questão que afirmam é que a igreja católica
foi quem fez da noiva uma mulher, mas vamos ver um texto que o profeta Jeremias
escreveu há mais de 2.500 anos atrás e um que João escreve na ilha de Patmos
por volta de 90 d.C. do texto do livro depois chamado de Apocalipse “Será que uma jovem se esquece das suas
joias, ou uma noiva, de seus enfeites nupciais? Contudo, o meu povo esqueceu-se
de mim, por dias sem fim”. (Jeremias 2:32) “Vi a cidade santa, a nova
Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva
adornada para o seu marido”. (Apocalipse
21:02) o ataviamento da noiva é previsto na Bíblia antes da
institucionalização feita pela igreja católica e este é a uma mulher (a noiva)
que espera um homem (o marido).
Enfim, se formos discorrer sobre o casamento
e sua origem sempre iremos cair em um único conceito de família nuclear composta por pai, mãe e filhos, o mesmo
defendido por Freud. Para os pseudo-intelectuais que afirmam que o
casamento é distorcido pelo catolicismo romano, perdoe-me, mas se for
historiador precisa passar pela graduação de história outra vez, mas se ainda
assim quiser insistir que isso respalda o casamento homo-afetivo erra
redundantemente, pois se o casamento quando foi criado foi para homem e mulher
se unirem porque agora querem mexer? Qual intuito? Por que reclamam do
casamento católico e querem por via de força casar nesta mesma cultura? Por que
afrontar? Para que casar-se de véu, grinalda e branco. Não é por acaso isto um
padrão católico-romano? Façam-me o favor, deixem de balela e digam a verdade. O
que vocês querem é tumultuar, nos chamam de preconceituosos e que no fim de
tudo querem nos imitar distorcendo o padrão cristão para o casamento.
Érick Freire
Pedagogo e escritor